Durante mais de duas décadas, a Terra Indígena Piaçaguera, no litoral de São Paulo, sofreu com os impactos da mineração. Em um cenário de degradação ambiental e ausência de reparação, a comunidade não se calou. A partir do LAB Narrativas Climáticas, a própria comunidade criou o protótipo Teko Porã< que em guarani significa bem viver, como uma resposta direta à injustiça, construindo um caminho de cura do território e de fortalecimento da autonomia indígena.

O protótipo foi um catalisador para a mobilização, unindo diferentes gerações em torno da memória e do cuidado com a terra. A iniciativa impulsionou um processo de luta por descontaminação do solo, articulando saberes tradicionais com estratégias de incidência política para demandar o direito a uma vida digna. O Teko Porã não é apenas uma ideia, é um símbolo de resistência que se traduz em ações concretas.

Um dos desdobramentos mais significativos do projeto foi a retomada do turismo de base comunitária. Agora, os próprios moradores da Terra Indígena conduzem os visitantes, compartilhando sua história, sua cultura e sua luta por justiça. Essa iniciativa não apenas gera uma fonte de renda, mas se torna uma poderosa ferramenta de afirmação cultural e de defesa territorial, mostrando que o direito à reparação também se constrói através da autonomia econômica e da valorização de suas tradições.

O Teko Porã é um exemplo de como os povos originários se tornam os protagonistas de sua própria história, transformando a dor da violência ambiental em um futuro de esperança. O projeto demonstra que o bem viver é uma forma de resistência ativa, onde a cura do território e a autonomia de seu povo são a mesma luta.