Biodiversidade amazônica: aprendizados com as abelhas nativas

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Em Mazagão, no Amapá, a busca pela biodiversidade ganha pequenas aliadas: as abelhas sem ferrão nativas da Amazônia. E ao lado delas, uma nova geração de jovens da Escola Família Agroextrativista do Carvão (EFAC) está aprendendo, na prática, como conservar a biodiversidade amazônica, a gerar renda e transformar o próprio futuro. Assim nasce o projeto "Abelha é Vida na Floresta", da Associação Nossa Amazônia.

“Quando você vai conversar com a comunidade, as pessoas sabem que algo está acontecendo, mas não conseguem fazer uma correlação disso com as mudanças climáticas. Elas relatam que a mandioca está apodrecendo, que o açaí está secando nas árvores, que estão colhendo menos castanhas. O nosso trabalho é esse: levar informação e capacitar as pessoas”, conta Joaquim Belo, coordenador da ANAMA.

grupo de mulheres

Alunos e alunas da educação básica e suas famílias estão redescobrindo a importância das abelhas nativas. Através do projeto, eles aprendem a implantar sistemas de manejo de abelhas nativas sem ferrão para a produção de mel e uso racional dos serviços ambientais integrados à cultura do açaí.

Com metodologias transversais e multidisciplinares, o projeto constrói conhecimentos, fomenta a implantação de colmeias racionais em sistemas de meliponários e abrigos para as abelhas como polinizadores das florestas e de culturas-chave que impactam o meio de vida das famílias da região.

Aqui, as abelhas não são só insetos, são agentes ambientais. Através delas, mais de 200 estudantes e suas famílias já foram capacitados em oficinas práticas sobre biologia, manejo e ecologia. É um ensino que sai da sala de aula e vai direto para dentro das comunidades. Cada enxame instalado é uma ação concreta de regeneração ambiental e uma fonte de renda sustentável no cultivo do açaí.

“O modo de vida das pessoas que sustentam a floresta, e o banquete, o sustento da comunidade vem dessa biodiversidade. Nosso trabalho é fortalecer isso, é fortalecer a relação das pessoas com a natureza, é construir um currículo comunitário que comunique com esses jovens nesse novo momento que vivemos”, afirma Joaquim.

O projeto vem impactando cada vez mais no desenvolvimento desse grupo de jovens cada vez mais interessados pelo cultivo das abelhas sem ferrão: as metodologias de educação alternativa vêm se mostrado cada vez mais eficiente em tornar os alunos mais engajados e amplia seus domínios sobre os conteúdos desenvolvidos na escola.