Onde a seca castiga, a terra resiste: Xakriabás cultivam alimentos e esperança no Norte de Minas

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Sob o sol forte e a terra seca do Norte de Minas Gerais, a comunidade Xakriabá da Aldeia Barra do Sumaré encontrou um caminho para fazer brotar alimento, autonomia e resistência. Com o projeto “Cultivando Alimentos em Extrema Seca”, a Associação Indígena Xakriabá Barra do Sumaré tem desenvolvido alternativas produtivas sustentáveis e socioeconômicas que garantem o direito à comida e à água para as 129 famílias da aldeia, especialmente as mais vulneráveis.

Com a instalação de um sistema de irrigação e o fortalecimento da agricultura familiar, a iniciativa promove o uso rotativo da terra com cultivos como milho, feijão e hortaliças. Saberes tradicionais caminham lado a lado com técnicas modernas de manejo do solo e uso consciente da água. O excedente da produção é vendido, movimentando a economia local e criando novas possibilidades para a juventude indígena.

No município de São João das Missões (MG), onde está o Território Indígena Xakriabá com suas 35 aldeias, o impacto da crise climática é intenso: as secas prolongadas e as altas temperaturas tornam cada plantio um desafio e cada colheita uma conquista. A falta de água para o consumo humano e para a produção agrícola intensifica os riscos à saúde e à alimentação, especialmente, em comunidades como a Barra do Sumaré, com 645 pessoas.

A experiência, no entanto, já inspira outras aldeias da Terra Indígena Xakriabá a adotarem práticas de plantio mais sustentáveis, a cuidarem dos recursos naturais e a reconstruírem, com as próprias mãos, os caminhos da vida diante do colapso ambiental.

“O projeto já está trazendo mudanças que estimulam todas as aldeias do território a adotar boas práticas agrícolas e ambientais. Vamos finalmente sair do consumo de produtos transgênicos, beneficiando a saúde da nossa comunidade. Queremos agradecer ao Fundo Brasil pelo apoio”, afirma Lourisvaldo Ferreira, coordenador da Associação.

O projeto é apoiado pelo edital “Povos Indígenas Lutando por Justiça Climática”, do Raízes – Fundo de Justiça Climática para Povos Indígenas e Comunidades Tradicionais, promovido pelo Fundo Brasil de Direitos Humanos. Investir em iniciativas como essa é investir em justiça climática com raízes firmadas no território, lideradas por quem vive e resiste nele diariamente.