Justiça climática na Maré: soluções construídas pela juventude favelada

Imagem hero

Nas favelas e periferias da Baixada Fluminense, o impacto da crise climática é algo que infelizmente já faz parte do cotidiano dos moradores. Desde as enchentes até a falta de saneamento básico, o racismo ambiental nega dignidade a quem vive nesses territórios. No Complexo da Maré, um dos maiores conjuntos de favelas da cidade, esse cenário é urgente.

Segundo um levantamento realizado pela Casa Fluminense, aproximadamente, 28% dos domicílios da Baixada Fluminense encontram-se em áreas de risco alto de inundações e 7% da população não possui a destinação adequada do seu esgoto.

É nesse contexto que jovens do Complexo da Maré se uniram em busca de justiça climática para o seu território e criaram o coletivo LUTeS – Lutas Urbanas, Tecnologia e Saneamento. Surgido durante a pandemia, o projeto é prova de que é possível transformar abandono histórico em protagonismo e problemas em soluções.

São jovens negros, organizações da sociedade civil e grupos de extensão universitária da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) que são construídas soluções para essa realidade através de uma equipe interdiciplinar. Através da educação ambiental, tecnologias sociais e ecológica de saneamento, restos orgânicos são transformados em gás de cozinha e biofertilizantes, auto geridos pela comunidade alcançada pelo projeto.

Com o apoio da Casa Fluminense, esses jovens se propõem não só a pensar soluções, mas também fortalecer outras redes comunitárias e coletivos de base em outras favelas e periferias que enfrentam desafios parecidos, promovendo práticas de justiça socioambiental a partir da vivência de quem vive no território.

“Nesses quatro anos de atuação na Maré, outros coletivos e ONGS entraram em contato com a gente querendo saber como se instalava um biodigestor. Então achamos que seria importante produzir uma cartilha para dar acesso a essa informação para outras pessoas que também tem interesse em instalar essas tecnologias em seus territórios”, afirmou Inahra, coordenadora do coletivo.

O impacto é concreto: educação ambiental em escolas como o Colégio Estadual João Borges de Moraes vem mobilizando e conscientizando cada vez mais moradores da Maré. O coletivo desenvolveu duas cartilhas que compartilham essas tecnologias sociais de forma acessível e prática para que mais pessoas possam aplicar a metodologia em suas favelas. São guias feitos com cuidado, que compartilham conhecimento, passo a passo, como replicar essas soluções onde mais importa.