Guardiãs do Fogo: A aliança Apinajé que combate a crise climática no Cerrado e na Amazônia

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Em um cenário de incêndios florestais cada vez mais intensos e frequentes, a resposta ao fogo na Amazônia e no Cerrado vem de um coletivo organizado há anos: um grupo de mulheres indígenas Apinajé. Organizadas na Brigada de Incêndio Apinaje Kuwy Pa Xwynh, elas não apenas extinguem as chamas, mas redefinem a própria luta contra as mudanças climáticas. Com saberes ancestrais e uma determinação inabalável, essas mulheres estão na vanguarda da proteção de seu território, transformando o combate ao fogo em um ato de autonomia e conservação.

Atuando na transição entre o Cerrado e a floresta amazônica, as brigadistas Apinajé estão em uma das regiões mais vulneráveis do país. O grupo é um exemplo de protagonismo feminino indígena, quebrando barreiras e liderando uma causa essencial. O trabalho da brigada vai além do simples uso de abafadores e bombas costais; ele se baseia em uma estratégia de prevenção, manejo e controle de fogo que respeita o ecossistema local. Para elas, proteger a floresta é proteger a vida, a cultura e o futuro das próximas gerações.

Mulheres indígenas da brigada contra incêndios, sentadas, em área de campo queimado.

O trabalho coletivo é a força motriz da brigada. A articulação entre as mulheres Apinajé reforça os laços comunitários e o compartilhamento de conhecimento. A experiência de uma delas se torna o aprendizado de todas. Segundo as brigadistas, o trabalho em grupo garante não apenas a eficiência no combate às chamas, mas também um fortalecimento mútuo diante dos desafios.

“Nossa união é a nossa maior arma contra o fogo”, costumam destacar, evidenciando que a solidariedade é tão importante quanto o equipamento.

A importância da brigada para o combate à crise climática é inegável. Ao proteger a sociobiodiversidade de seu território, elas preservam ecossistemas que são vitais para a regulação do clima, atuando como verdadeiros sumidouros de carbono. O trabalho de prevenção e combate aos incêndios impede que grandes áreas sejam devastadas, garantindo que o conhecimento tradicional sobre a terra e suas práticas sustentáveis continuem a ser transmitidos. É uma resposta localizada a um problema global, que se traduz em resiliência e adaptação.

imagem drone aldeia e brigadistas.

Para que a Brigada de Incêndio Apinaje Kuwy Pa Xwynh pudesse se estruturar e crescer, o apoio da filantropia foi fundamental. Por meio do Fundo Casa, a brigada recebeu um total de R$ 61.600 em três projetos executados entre 2022 e 2024. Esses recursos foram essenciais para equipar o grupo, realizar treinamentos especializados e fortalecer a organização como um todo.

A parceria com o Fundo Casa permitiu que essa iniciativa, nascida da necessidade e do saber local, ganhasse a capacidade técnica e material para atuar de forma ainda mais impactante. Essa história demonstra como a doação direta de recursos para as comunidades na linha de frente não é apenas um investimento financeiro, mas um gesto de confiança no protagonismo e na capacidade de adaptação de quem vive a crise climática na pele, oferecendo soluções que protegem a todos.