Coffí: Do Caroço de Açaí ao Mercado, Inovação e Autonomia na Amazônia

No povoado Km 1700, em Imperatriz, as famílias agroextrativistas se deparavam com um resíduo em abundância: o caroço do açaí, que após beneficiamento do fruto era descartado sem um destino adequado. Mas, com criatividade e trabalho em comunidade, elas transformaram o problema em uma oportunidade. A partir de uma experimentação simples, nasceu uma bebida quente e aromática, similar ao café. “Decidimos torrar e vimos que dava uma excelente bebida”, relata Elcilene Alencar, presidente da Associação Agroextrativistas Familiares Solidários.
O conhecimento artesanal, desenvolvido a partir da tradição oral e de testes caseiros, passou a ganhar estrutura com o apoio do Fundo Ecos, do ISPN, com recursos do Fundo Amazônia. A parceria viabilizou a construção de uma agroindústria comunitária para o beneficiamento do açaí, com um espaço dedicado exclusivamente à torra e ao preparo do caroço. Essa estruturação deu solidez à iniciativa, permitindo que o produto alcançasse um padrão de qualidade e higiene para o mercado local e regional.

A iniciativa ganhou ainda mais força com a colaboração da Faculdade de Imperatriz (Facimp), por meio da Enactus Brasil. A parceria resultou em treinamentos de marketing, gestão e desenvolvimento de produto, culminando na criação de uma marca, com nome e embalagem: o Coffí. O produto, que não contém cafeína, possui aroma e sabor amargo, e hoje é comercializado em feiras e lojas locais. A estudante Klenne Lys, coordenadora da Enactus Brasil na Facimp, destaca que o apoio institucional elevou o padrão da produção e também contribuiu com "o sentimento de valorização das mulheres por terem um de seus produtos reconhecidos.”
O sucesso do Coffí é um exemplo de inovação na Amazônia. O projeto demonstra como o conhecimento tradicional e o trabalho colaborativo, aliados ao apoio institucional, podem transformar um resíduo ambiental em uma oportunidade econômica sustentável. Com as mulheres no centro da cadeia produtiva, o projeto não só traz uma nova bebida ao mercado, mas também promove a autonomia e o empoderamento das famílias da região.
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