Farturinha: Cultivando alimentos e resiliência climática de forma coletiva no Maranhão

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A Baixada Maranhense é um território de imensa riqueza, mas enfrenta um dos maiores desafios do país: a insegurança alimentar. Milhares de famílias agricultoras, que são a base da produção local, lutam contra a falta de infraestrutura e o acesso limitado a políticas públicas. Diante desse cenário, o edital de fortalecimento da agricultura familiar se tornou um catalisador para uma solução coletiva, que prova que a resposta para a fome e o clima está na união. A partir daí, nasceu o Farturinha, um conjunto de tecnologias socioambientais que possibilita a criação de sistemas agroflorestais em associações comunitárias.

O Farturinha foi concebido com uma lógica que vai além da produção individual. A proposta entende que, em um contexto de desigualdade histórica, a verdadeira soberania alimentar se constrói de forma coletiva. Por isso, a solução se concentra na implantação de módulos agroecológicos de produção em espaços geridos por associações locais. Esses módulos são pequenos circuitos fechados e replicáveis, que integram a criação de animais, hortas, frutíferas, compostagem e o aproveitamento de resíduos, garantindo colheitas diversificadas e contínuas.

favo de mel

Mesmo em sua fase inicial, a iniciativa já tem gerado impactos significativos na dinâmica das comunidades. A implantação dos módulos comunitários tem incentivado o trabalho em mutirão, o planejamento conjunto e a retomada de práticas ancestrais, como o uso de sementes crioulas e o manejo racional da água. O projeto reforça a autonomia, o pertencimento e o cuidado com o território. Fábio Pereira, que recebeu apoio do edital e hoje é consultor da tecnologia, explica a transformação:

“Antes, cada família trabalhava isolada, e o acesso a técnicas adequadas era muito limitado. Coletivamente, a gente vem percebendo que a implantação de módulos agroflorestais comunitários em associações, a partir do Farturinha, é possível e traz resultados reais. O Farturinha não é apenas um conjunto de tecnologias agrícolas, mas uma maneira de enfrentar de forma efetiva os impactos socioambientais que encontramos nas comunidades rurais.”

O apoio veio por meio de um edital do Programa Comunidades Sementes, com a Rede Comuá e a coordenação do Instituto Baixada. A abordagem participativa, com escuta ativa das comunidades, garantiu que os recursos fossem direcionados de forma estratégica para quem realmente conhece o território. Essa forma de financiamento reforça o compromisso com a justiça social e a eficácia das ações no campo. O Farturinha se consolida, assim, como um modelo de desenvolvimento sustentável que combate a fome, valoriza os saberes locais e constrói um futuro mais resiliente para a Baixada Maranhense.