Crédito de confiança: Fundo solidário fortalece a agricultura familiar e a resiliência climática no Maranhão

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Na Baixada Maranhense, a riqueza natural do bioma Amazônia se encontra com a força da agricultura familiar. No entanto, o acesso limitado a crédito e a fragilidade do mercado são obstáculos históricos que comprometem a continuidade das atividades produtivas, essenciais para a segurança alimentar e a adaptação climática. Diante desse cenário, o Solicrédito surge como uma tecnologia social enraizada no território, que prova ser possível financiar uma cadeia produtiva sustentável a partir da confiança, da solidariedade e da gestão coletiva.

O Solicrédito se estrutura como um fundo rotativo solidário, oferecendo microcréditos de mil a três mil reais para agricultores e agricultoras familiares. A lógica é simples e transformadora: cada pessoa beneficiada reinveste dez parcelas acessíveis no fundo, garantindo que o recurso se retroalimente e continue a apoiar novos projetos a cada ciclo. Esse modelo, baseado na confiança mútua, não só desburocratiza o acesso ao crédito, mas também fortalece os vínculos sociais da comunidade.

O processo é guiado por agentes de atendimento locais que, com base em uma "escuta qualificada", ajudam a elaborar e acompanhar os projetos de investimento. Anualmente, mais de dez iniciativas produtivas são incubadas, fortalecendo cadeias locais como a da mandioca, hortaliças, galinha caipira e produtos da sociobiodiversidade. Assim é descrito o projeto por quem o constrói: um "mecanismo ágil e acessível que alia justiça econômica e justiça climática." O fundo cria as condições para que os pequenos produtores invistam em práticas agroecológicas, no cuidado com os bens comuns e no uso consciente dos recursos naturais.

Os resultados são notáveis e vão além do impacto financeiro direto em mais de 30 iniciativas já apoiadas. O Solicrédito promove o fortalecimento da autonomia comunitária e consolida redes de cooperação que, na prática, reforçam a capacidade de adaptação aos desafios do clima. A mobilização em torno do fundo também tem ampliado a participação de mulheres e jovens nas decisões econômicas e na recuperação de áreas degradadas, impulsionando a autoestima e a segurança alimentar.

Em depoimentos, agricultores e agricultoras reforçam que a iniciativa transformou não apenas suas roças, mas a forma como se enxergam: protagonistas na construção de um futuro sustentável. Essa tecnologia social é uma das ações do programa Solidárias, viabilizado com o apoio técnico e financeiro do Fundo Solidárias, do ICBM, e de parcerias estratégicas. O Solicrédito demonstra, na prática, que investir na agricultura familiar é investir em soluções locais concretas para os desafios globais, financiando a vida nos territórios sem abrir mão da cultura e do futuro.